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COVID-19 na infância

Uma nova doença, de etiologia viral caracterizada por apresentação clínica principalmente pulmonar, começou a ser descrita em dezembro de 2019 na província de Ubei, Wuhan (China). A OMS (Organização Mundial de Saúde) definiu-a como COVID-19 (coronavirus disease 2019) e o vírus recebeu o nome de SARS-CoV-2 (Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus-2). Em menos de 3 meses, a propagação rápida levou a caracterização de uma pandemia em 11 de março de 2020, com milhões de pessoas infectadas mundialmente e mais de 400.000 mortes.

As crianças têm sido relativamente poupadas desta pandemia, apresentando-se em grande parte assintomáticas, ou com doença respiratória leve. Entretanto, podem ser vistas manifestações clínicas distintas tais como sintomas gastrointestinais e muco-cutâneos. Formas mais graves podem ocasionar síndrome da angústia respiratória associada com disfunção orgânica, injúria renal, alterações neurológicas e miocardite. 

A incidência da COVID-19 na infância é relativamente baixa. Em relação aos atendimentos pediátricos, observa-se com frequência, histórias de contato domiciliar. Dados referentes às hospitalizações na COVID-19, demonstram internações pediátricas em torno de 5-6%.

CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DA INFÂNCIA E TRANSMISSÃO

Crianças parecem não ser infectadas pelo SARS-CoV-2 na mesma proporção que os adultos. Embora as crianças tenham menos doença severa que a população adulta, as patologias de bases contribuem para o aumento dos riscos em ambas. Em relação à doença severa COVID-19, a população < 1 ano parece ter um aumento de risco. 

A transmissão entre as pessoas ocorre mais comumente durante a exposição em ambiente fechado a alguém infectado pelo SARS-CoV-2, primariamente através de gotículas respiratórias produzidas quando se fala, tosse ou espirra; as partículas podem atingir mucosas (nasal, oral e ocular) de quem está perto; e possivelmente são inaladas até o pulmão. 

O contágio também pode ocorrer através do contato com superfícies contaminadas e levadas pelo próprio indivíduo diretamente para os olhos, nariz ou boca. Contudo, a distância máxima para que se estabeleça a transmissão pelo ar de pessoa a pessoa é incerta, sendo aceito que mais de 1,5 a 2 m se torne muito improvável. Casos assintomáticos contribuem para a transmissão, especialmente as crianças, sendo recomendado mantê-las afastadas dos idosos, o grupo mais vulnerável. Todavia dados recentes sugerem baixa transmissão entre as crianças, inclusive no ambiente escolar.

PRINCIPAIS SINTOMAS E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Até 15-18 % das crianças infectadas pelo SARS-CoV-2 são assintomáticas, e outras podem apresentar sintomas leves tais como febre e ou tosse e não requerem hospitalização;  estas devem ser encaminhadas para casa com orientação de isolamento social por 14 dias e observação do quadro clínico. Apesar da COVID-19 na infância, se caracterizar por apresentações clínicas variadas; todo paciente pediátrico atendido com quadro respiratório durante a pandemia deverá ser considerado caso suspeito.

Os sintomas mais comuns são: febre (53%), tosse (39%), dor de garganta (14%). Entretanto, a COVID-19 na infância, pode se apresentar de formas variadas, desde quadros respiratórios leves a moderados, sintomas gastrointestinais, lesões de pele, disfunção orgânica, miocardite, encefalites, até a mais recente Síndrome Hiperinflamatória. 

O diagnóstico é geralmente suspeitado a partir de uma história de exposição familiar, e as crianças que têm doenças crônicas são mais propensas a doença severa ou crítica e morte. Já os adolescentes parecem seguir um padrão semelhante aos adultos com pneumonia associada à queda de saturação que é a baixa quantidade de oxigênio no sangue.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico é realizado com base na apresentação clínica, e confirmado por testes laboratoriais que detectam a presença do SARS-CoV-2, associada a exames de imagem que podem identificar ou excluir complicações pulmonares.

RT PCR (Reação de Polimerase em Cadeia): principal método descrito na literatura para detecção viral, colhido das secreções respiratórias através de “Swab da nasofaringe”, sendo o mais utilizado para dizer se está com o coronavírus no momento em que se encontra sintomático (fase aguda).

Métodos sorológicos: utilizados na identificação de anticorpos anti-proteínas virais, produzidos durante a infecção. A resposta imune através da produção de anticorpos demora dias, o que limita o seu uso na fase aguda. A melhor indicação dos testes sorológicos é para os pacientes com sintomas há mais de 1 semana, podendo haver positividade na IgM ou IgA. A positividade da IgG geralmente ocorre após a segunda semana do início da doença.

Radiografia de tórax deve ser solicitada apenas nos casos moderados e graves, ou seja, se a criança apresenta algum sinal de esforço respiratório ou queda de saturação. Já a tomografia de tórax não deve ser recomendada rotineiramente nas crianças, ficando reservada para os pacientes graves que necessitam de hospitalização.

TRATAMENTO

Até o presente momento, não há evidência de alguma terapêutica específica para criança com doença COVID-19. Condutas baseadas em terapias experimentais não devem ser recomendadas na pediatria.Infelizmente, ainda não existe nenhuma terapia específica para a COVID-19, tornando importante o tratamento de suporte. Nos casos leves, que não necessitam de internação hospitalar, trata-se basicamente os sintomas que o COVID pode dar na criança. 

Recomenda-se o isolamento domiciliar de todos os pacientes com sintomas leves a moderados e suspeita clínica forte ou doença confirmada através do RT-PCR. Nenhum exame está indicado para alta do isolamento ou volta à escola. Deve- se contar 10 dias a partir do primeiro dia de sintomas, desde que sem febre nas últimas 24h; sendo que alguns protocolos recomendam 14 dias.

Espero ter esclarecido um pouco mais das peculiaridades da COVID na infância.

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