Desfralde

Quando e como iniciar o desfralde?

Esse é um momento que costuma ser muito aguardado pelos papais e mamães, quando seu filho passa a ser capaz de ter controle esfincteriano. Mas quando saber que esse momento chegou? Como fazer todo esse processo de desfralde? 

O treinamento esfincteriano costuma ser um processo complexo que depende das condições anatômicas, fisiológicas e comportamentais. Quando a criança se conscientiza sobre sua própria necessidade de eliminar urina e fezes, ela já pode ser treinada para o controle. O controle da evacuação geralmente ocorre primeiro do que da micção.

Segundo a Academia Americana de Pediatria, a criança não deve ser forçada a iniciar o desfralde. Ela deve apresentar alguns sinais de prontidão para o processo, que os pais devem ser orientados a percebê-los. De uma forma geral, esses sinais começam a ser percebidos entre 24 a 36 meses de vida, e todo o processo de treinamento esfincteriano pode levar de 6 a 12 meses para se completar.

Quando a criança está pronta para iniciar o desfralde?

O momento certo de começar é quando a criança mostra os sinais de prontidão, ou seja, habilidades físicas e psicológicas específicas que começam a aparecer geralmente entre 24 e 36 meses, por isso, esse é o período ideal de iniciar. Mas vale ressaltar que toda criança tem um desenvolvimento individualizado e,portanto, somente a idade não é um bom critério para decidir o momento certo.

Os principais sinais de prontidão estão relacionados à capacidade da criança de:

1. Imitar o comportamento dos pais ou de cuidadores.

2. Desejar agradar e ser autônomo: insistir em concluir tarefas sem ajuda e orgulhar-se de novas habilidades.

3. Andar e estar apta a sentar de modo estável e sem ajuda.

4. Pegar pequenos objetos.

5. Capaz de dizer NÃO como sinal de independência.

6. Entender e responder a instruções e seguir comandos simples.

7. Possuir um vocabulário simples referente ao treinamento esfincteriano.

8. Usar palavras, expressões faciais ou movimentos que indicam a necessidade de urinar ou evacuar.

9. Mostrar interesse em outras pessoas que estejam usando o banheiro.

10. Ficar seco por duas horas ou mais durante o dia.

11. Dizer que está “fazendo xixi” no momento da micção, em geral nos banhos.

12. Dizer aos pais que acabou de urinar ou evacuar em pequena quantidade na fralda e se incomodar com a fralda molhada. Tentar retirar fralda molhada ou pedir para ser trocado (consciência física).

13. Não querer usar fraldas ou mostrar interesse em cuecas ou calcinhas.

14. Conseguir ficar parada no penico ou vaso sanitário por 3 a 5 minutos.

15. Permanecer brincando com a mesma atividade por mais de 5 minutos.

16. Ser capaz de apontar o que deseja.

17. Ter iniciado a comunicação por palavras ou frases simples.

A partir do momento em que a criança passa a apresentar alguns desses sinais, os papais e mamães já podem pensar em iniciar o desfralde.

Como iniciar o desfralde?

É importante ter alguns conceitos básicos para fazer o desfralde de uma maneira natural para a criança, não gerando traumas e nem cobranças. A Academia Americana de Pediatria recomenda somente o uso de elogios para reforço, mostrando para criança que quando ela não conseguir, que isso faz parte do processo, evitando criticar ou repreender nessas situações de perdas. Dessa forma, ela sempre se sentirá segura e confiante, sabendo que os pais estão ao lado dela nesse aprendizado. Deve ser também desencorajado o uso de guloseimas ou recompensas materiais, como brinquedos. 

Os pais e os cuidadores necessitarão estar disponíveis e motivados para iniciar o desfralde, fazendo as adequações necessárias à rotina familiar. Devem estar preparados emocionalmente para lidar com tranquilidade e naturalidade com as perdas urinárias e fecais que irão ocorrer inevitavelmente até o término do processo. Esse nunca deve ser iniciado em um momento de estresse da vida da criança ou da família como por exemplo após uma mudança de casa ou após o nascimento de um novo irmão. O ideal é que, em caso da criança frequentar escola ou creche, que o desfralde seja iniciado concomitantemente em todos os ambientes.

Instrumentos para o processo de treinamento: penico ou vaso sanitário?

Antes de iniciar o desfralde, os pais precisarão definir qual instrumento será utilizado: penico ou vaso sanitário. Nos primeiros estágios, o penico é geralmente preferido

pelo fato de trazer mais segurança para as crianças, não necessitar de assento redutor que pode causar alguma instabilidade na hora de sentar, permitir um melhor apoio para as pernas, ter motivos lúdicos, e poder ser deslocado para outros ambientes. O penico também fornece a melhor posição biomecânica para a criança, já que ela senta-se com mais facilidade e sente-se mais segura por não ser tão alto e não ter água no fundo. Além disso, será mais fácil levá-lo quando a criança estiver fora de casa. 

1- Penico

Os pais deverão apresentar o penico como objeto pessoal da criança. Ele deverá ser escolhido junto com ela e colocado em um local conveniente para que ela se sinta atraída a usá-lo. Mesmo antes de seu uso ser encorajado, a criança deve ser estimulada a observar, tocar e familiarizar-se com o penico, em um momento prazeroso e lúdico.

Quando a criança começar a mostrar interesse em usar o penico, os pais devem deixá-la sentar-se sobre ele de roupa ainda, para evitar qualquer desconforto inicial e gerar confiança, sem criar nenhuma expectativa. Não se deve nunca forçar a criança a sentar-se ou permanecer sentada no penico. Em seguida, é o momento de incentivá-la a sentar-se no penico após a remoção de uma fralda molhada ou com fezes, ajudando ela a entender que é ali o local de fazer o xixi e o cocô. Também pode-se depositar nele o conteúdo das fraldas sujas, para demonstrar o propósito do penico. Finalmente, a criança é encorajada a desenvolver uma rotina de sentar-se no penico em horários específicos do dia, dando preferência para momentos como depois de acordar de manhã, após as refeições ou lanches, e antes de dormir. É importante elogiar a criança sempre que ela se sentar no penico.

O penico deve ser colocado em algum lugar de rápido alcance da criança, porque no início do processo, há pouca percepção sobre a eliminação de pequena quantidade de urina ou fezes. Uma vez que a criança usou o penico com sucesso por uma semana ou mais, pode-se desfraldar. Após o treinamento esfincteriano esteja completo, o ideal é que se evite usar a fralda durante o dia para não haver confundimento pela criança e dificultar o processo. A transição para o vaso sanitário somente deverá ser iniciada quando a criança estiver segura e treinada no uso do penico.

2- Vaso sanitário

Caso os pais e a criança optem pelo vaso sanitário é necessário colocar um redutor de assento de vaso sanitário que fique o mais bem adaptado possível e um apoio para os pés para que fiquem firmes e seguros. Um banco elevado será usado tanto para a criança alcançar o assento, quanto para apoiar os pés enquanto estiver sentada, dando a sensação de que ela pode sair quando for preciso e auxiliando-a na posição mais fisiológica para a evacuação.

Algumas crianças têm medo de cair no vaso sanitário (mesmo com o redutor de assento) e do barulho da descarga de água, e nesses casos, é melhor usar um penico. Como a criança aprende muito pelo exemplo, os pais devem demonstrar como eles usam

o vaso sanitário. Repetir as demonstrações faz a criança ganhar segurança.

Orientações gerais para facilitar o desfralde

1. Decida o vocabulário a ser usado.

2. Assegure-se de que penico ou o vaso sanitário sejam facilmente acessíveis.

3. Se usar o vaso sanitário, use um redutor de assento e um apoio para pés.

4. Permitir a criança assistí-lo a usar o banheiro.

5. Incentive a criança a avisar quando ela sentir que urinou ou evacuou em pequena

quantidade ou quando sentir vontade.

6. Elogiar o sucesso e a tentativa de avisar mesmo quando ocorreu perda.

7. Aprenda os sinais comportamentais da criança quando ela estiver na iminência de urinar ou evacuar.

8. Não esperar resultados imediatos; as perdas fazem parte do processo.

9. Garantir a cooperação de todos os cuidadores para fornecer uma abordagem consistente.

10. Após sucessos repetidos, usar calças de treino ou roupas íntimas.

11. Sempre encorajar a criança com elogios e sem guloseimas. Não é permitido qualquer punição e/ou esforço negativo.

Espero que essas dicas ajudem nesse processo que é tão aguardado pela família e mostram uma importante transição da criança para uma vida mais independente.

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